O consumidor brasileiro não terá trégua nas contas de energia. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) acendeu o sinal de alerta sobre o futuro das tarifas, indicando que a trajetória de alta não deve ser interrompida. O principal motor por trás desse aumento contínuo é a explosão dos encargos setoriais e dos subsídios embutidos na conta.
Em recente participação no Congresso, o diretor da ANEEL, Sandoval Feitosa, foi enfático ao defender uma revisão urgente na forma como esses custos são aplicados. Segundo a Agência, a expansão desenfreada de subsídios, tanto para a geração distribuída quanto para a geração centralizada, tem provocado uma distorção no planejamento do setor e, inevitavelmente, onerado o consumidor final.
O problema central reside na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo que concentra diversos incentivos e é bancado majoritariamente por todos os consumidores de energia. Com o volume crescente de benefícios, a CDE se tornou um peso tarifário insustentável.
Especialistas alertam que o modelo atual cria um “efeito Robin Hood às avessas”, onde os consumidores residenciais e pequenas empresas acabam financiando indiretamente grandes projetos e segmentos que recebem os incentivos.
A ANEEL defende que, sem uma reforma estrutural que estabeleça limites e racionalidade econômica para esses subsídios, o país corre o risco de comprometer a competitividade da indústria e agravar a inadimplência residencial. A mensagem é clara: o aumento das tarifas só será freado com uma política que proteja o bolso do consumidor da escalada dos encargos.




