Um momento inacreditável marcou a CPMI do INSS. O deputado federal Mário Heringer (PDT-MG), do partido comandado pelo ministro Carlos Lupi, afirmou em plena sessão que seria “normal” que crianças com deficiência, beneficiárias do BPC (Benefício de Prestação Continuada), tenham empréstimos feitos em seus nomes.
A fala surgiu após denúncia feita pelo senador Izalci Lucas (PL), que apontou a irregularidade de mais de 500 mil empréstimos realizados em nome de crianças com deficiência, sem qualquer autorização dos pais ou responsáveis legais.
Em resposta, Mário Heringer defendeu a prática com as seguintes palavras:
“Algumas crianças que estão sendo citadas como beneficiárias do BPC, isso é normal por uma razão, não estou dizendo que eu concorde, mas é normal por uma razão: a criança é a beneficiária, você não pode botar no nome do tutor, você tem que botar nome da criança, então isso não tá nada errado. O que tá errado é botar chifre na cabeça de cavalo.”
A declaração causa revolta não apenas pela naturalização de uma prática considerada irregular, mas pelo desprezo com que se trata um assunto tão sério: crianças com deficiência sendo usadas para operações financeiras sem aval de seus responsáveis.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma política social que garante um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda, justamente para garantir dignidade e sobrevivência a quem mais precisa. Usar esses beneficiários como alvo de empréstimos levanta graves suspeitas de abuso e exploração.
O mais assustador é ouvir de um parlamentar que essa prática seria algo “normal”, como se fosse aceitável que meio milhão de crianças com deficiência tenham empréstimos vinculados ao seu nome, sem que os pais ou tutores sequer tenham autorizado.
