O governo federal realizou nesta terça-feira (18) um leilão para concessão de blocos de exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas, e os vencedores foram dois consórcios compostos por grandes petroleiras internacionais. A Petrobras, estatal brasileira, se uniu à americana ExxonMobil e arrematou 10 dos 19 blocos ofertados. Os outros 9 blocos ficaram com o consórcio formado pela também americana Chevron e pela estatal chinesa CNPC (China National Petroleum Corporation).
De acordo com a reportagem do UOL, as áreas licitadas somam mais de 16 mil km², localizadas em alto-mar entre o litoral do Amapá e do Pará. O leilão rendeu R$ 845 milhões em bônus ao governo.
A divisão foi a seguinte:
- Setor SPZA-AP2: 6 blocos para Chevron/CNPC e 3 para Petrobras/ExxonMobil
- Setor SPZA-AP3: 5 blocos para Petrobras/ExxonMobil e 3 para Chevron/CNPC
- Setor SPZA-AP4: todos os blocos para Petrobras/ExxonMobil
- Setor SPZA-AP1: não recebeu lances
As três estrangeiras envolvidas – ExxonMobil, Chevron e CNPC – são alvos de críticas por motivos distintos.
A ExxonMobil, maior petroleira dos Estados Unidos, enfrenta acusações nos EUA por tentar minimizar os impactos das mudanças climáticas e por manter investimentos insignificantes em energias renováveis. Em 2024, a empresa foi processada por ambientalistas e pelo estado da Califórnia por omitir os danos ambientais provocados por seus produtos e por enganar o público sobre os limites da reciclagem do plástico.
A Chevron, também americana, tem um histórico polêmico na América Latina. Atuou na Amazônia equatoriana e foi acusada por comunidades locais de contaminar o solo e os rios, com consequências sanitárias e sociais graves. Embora tenha sido condenada pela Justiça do Equador, a empresa reverteu a decisão na Justiça dos EUA, alegando fraude nas provas apresentadas.
Já a CNPC, estatal da China, é conhecida mundialmente por operar em regiões de alta sensibilidade ambiental, inclusive em países africanos e asiáticos onde já foi acusada de desrespeitar normas ambientais e de manter relações opacas com governos autoritários. A atuação da CNPC levanta preocupações geopolíticas, sobretudo por seu histórico de operar sem transparência e por priorizar metas de expansão de combustíveis fósseis mesmo diante da crise climática.
A entrada dessas empresas em uma das regiões mais sensíveis da costa brasileira reacende alertas de ambientalistas e cientistas. A foz do rio Amazonas abriga rica biodiversidade marinha e ainda não possui estudos conclusivos sobre os impactos de uma possível exploração de petróleo.
Mesmo diante desse cenário, a Petrobras decidiu se associar a essas três gigantes, o que marca a abertura da foz do Amazonas a uma nova frente de disputa internacional por combustíveis fósseis — com aval do governo brasileiro.



