Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estudam uma série de manobras no sistema eleitoral para as eleições ao Senado em 2026, quando 54 das 81 cadeiras da Casa estarão em disputa. A proposta consiste em alterar o modelo atual, no qual os eleitores escolhem dois candidatos por unidade da Federação (UF), permitindo apenas o voto em um nome. Seriam eleitos os dois mais votados em cada estado.
O objetivo da mudança seria aumentar as chances de candidatos governistas, sobretudo da esquerda e da extrema esquerda, de ocuparem pelo menos uma das duas vagas em disputa por estado, eliminando a possibilidade de “dobradinhas” de chapas de direita, que poderiam vencer ambas as cadeiras. A medida busca proteger a base de apoio do governo no Senado, evitando uma eventual maioria oposicionista em 2027.
A proposta, apresentada por Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, gerou acusações de tentativa de ‘golpe’ no sistema eleitoral. Parlamentares de oposição e líderes de centro criticaram a ideia, chamando-a de ‘adulteração’ para favorecer a esquerda.
Randolfe retirou o Projeto de Lei 4.629/2024 da pauta em dezembro, mas já indicou que o debate será retomado em 2025, junto à reforma do Código Eleitoral. Ele é um dos 54 senadores cujo mandato termina em 2026 e que teria dificuldades de reeleição no modelo atual.
A possível mudança também visa conter o avanço de pré-candidatos ao Senado com plataformas voltadas para o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes. Líderes governistas e ministros do STF têm discutido estratégias para evitar que o Senado de 2027 seja dominado por opositores, o que poderia dificultar um eventual segundo mandato de Lula ou a continuidade de um governo de esquerda.
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