Em apenas dois dias, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou R$ 474,5 milhões em emendas parlamentares, e o maior beneficiado foi o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que recebeu R$ 20,6 milhões — seu primeiro repasse em 2025. A verba foi destinada, em sua maioria, à área da saúde.
A movimentação acontece logo após o Congresso Nacional impor uma dura derrota ao governo ao derrubar o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Alcolumbre teve papel central na articulação da votação simbólica que sepultou os decretos presidenciais e agora aparece como um dos principais contemplados com recursos públicos.
Os dados são do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do governo federal. De 26 a 27 de junho, o Executivo empenhou R$ 803,2 milhões e pagou R$ 474,5 milhões. Ao longo da semana, o valor total desembolsado ultrapassou R$ 930 milhões, segundo levantamento da Revista Oeste.
A liberação dos recursos coincide com a tentativa do Planalto de recompor sua base no Congresso, em meio a sucessivas derrotas legislativas e ao avanço de pautas que contrariam os interesses do governo. Ao todo, o Executivo já empenhou R$ 3,1 bilhões em emendas neste primeiro semestre.
A prática de usar emendas como moeda política não é nova, mas voltou com força total neste terceiro mandato de Lula. A destinação seletiva de verbas tem sido uma ferramenta para conter insatisfações de aliados e reverter derrotas como a do IOF.
A oposição critica o que considera um “toma-lá-dá-cá escancarado” e acusa o governo de liberar verbas para garantir apoio parlamentar, em vez de priorizar investimentos estratégicos. O Planalto, por sua vez, evita comentar os critérios das liberações e trata os repasses como parte da execução orçamentária regular.



