Hipócrita? Alcolumbre critica obstrução, mas já ocupou mesa do Senado por mais de 7 horas

O presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil‑AP), subiu o tom contra senadores da oposição que vêm realizando protestos e obstruções para exigir a votação da anistia aos presos políticos do 8 de Janeiro. Segundo Alcolumbre, “o Senado não será refém de obstruções” e ele “não aceitará chantagens nem ameaças”.

O discurso, no entanto, escancara a hipocrisia do próprio senador, que em 2019 protagonizou uma das cenas mais vergonhosas da história recente da Casa: ocupou a mesa diretora do Senado por mais de sete horas, sem se levantar, em protesto contra a forma como seria conduzida a eleição da presidência. À época, Alcolumbre era um dos candidatos ao comando do Senado e decidiu ele mesmo presidir a sessão, mesmo sendo parte interessada, ignorando qualquer questão ética ou regimental.

Agora, em 2025, o mesmo Alcolumbre tenta se vender como defensor do “bom funcionamento institucional”, enquanto se recusa a dialogar com parlamentares que pedem votações legítimas e pautas de interesse popular. Em vez de debater, prefere acionar seguranças, apagar luzes e transformar o Senado num palco de autoritarismo.

A tentativa de apagar o próprio passado revela que, para Alcolumbre, protesto só é válido quando parte dele. Quando vem da oposição, é “chantagem”. O problema não é o método — é quem está usando.

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