O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reafirmou em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post que não pretende ceder diante das pressões políticas internas ou das sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos. “Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro”, disse o magistrado, destacando que seguirá firme em suas decisões, especialmente nas investigações contra Jair Bolsonaro e seus aliados.
A reportagem revela que Moraes foi surpreendido em meio a um momento de lazer, assistindo a um jogo do Corinthians, quando recebeu ligações que o levaram a determinar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, após este violar restrições impostas pela Justiça ao voltar a se manifestar em redes sociais. O episódio, segundo o jornal, simboliza a forma como o ministro assumiu protagonismo inédito na política brasileira, concentrando em suas mãos decisões que afetam diretamente o cenário institucional do país.
Desde que assumiu a relatoria de inquéritos envolvendo desinformação e ataques à democracia, Moraes ordenou prisões, aplicou medidas contra plataformas digitais e afastou autoridades acusadas de conivência com atos golpistas. Essas ações renderam elogios de setores que defendem o fortalecimento das instituições, mas também duras críticas de juristas e políticos que o acusam de extrapolar os limites constitucionais.
O Washington Post também destaca a reação internacional às medidas do ministro. O governo de Donald Trump adotou uma postura de confronto, impondo sanções econômicas, suspensão de vistos diplomáticos e até tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em retaliação às decisões de Moraes. Apesar disso, o magistrado sustenta que sua atuação se dá em defesa da Constituição e do Estado de Direito. “Quem deva ser condenado será condenado; quem tiver de ser liberado será liberado”, afirmou.
Para além das críticas externas, o STF se mantém unido em torno de Moraes. Já o governo Lula condenou as retaliações de Washington, classificando-as como ingerência nos assuntos internos do Brasil. A tensão, porém, revela um ponto sensível da política nacional: o peso que o Judiciário passou a ter como ator central na disputa pelo futuro da democracia brasileira.
Com a frase que estampou o título da reportagem — “não recuar nem um milímetro” — Moraes consolidou sua imagem de juiz inflexível, visto por uns como guardião da democracia e, por outros, como símbolo de um ativismo judicial sem precedentes no país.





