MPF acusa empreiteira de corrupção em obras na gestão do pai de Hugo Motta em Patos

O Ministério Público Federal ajuizou ação contra a Engelplan Construções e Locações por corrupção empresarial, fraude em licitação e superfaturamento em obras executadas em Patos (PB), durante a gestão de Nabor Wanderley Filho, pai do presidente da Câmara, Hugo Motta. O contrato com a empresa foi assinado um dia antes de Nabor assumir o cargo de prefeito e integra o conjunto de investigações da Operação Outside. O MPF pede a indisponibilidade de bens e a proibição de a empresa contratar com o poder público, apontando danos diretos superiores a R$ 1,3 milhão, além de prejuízos adicionais decorrentes da baixa qualidade da execução.

Segundo a procuradoria, o esquema teria sido sustentado por agentes públicos e empresários que manipularam o processo licitatório com cláusulas restritivas, acesso a informações privilegiadas e pagamento de propina a cada etapa da obra. As intervenções investigadas envolvem a restauração das avenidas Alça Sudeste e Manoel Mota (Alça Sudoeste), custeadas por contrato de repasse do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, com recursos da Caixa. Entre as irregularidades estão o chamado “jogo de planilha”, que gerou acréscimo de quase R$ 800 mil, reajustes indevidos de R$ 153 mil e uso de materiais fora das especificações, comprometendo a durabilidade do pavimento.

O caso amplia o alcance da Operação Outside. Em abril, a Polícia Federal já havia apurado suspeitas de conluio, direcionamento e desvio de recursos federais no município, apontando a Engelplan como empresa favorecida. Em maio, o MPF denunciou sete pessoas — servidores e empresários — por fraude em obras de restauração na cidade. Apesar disso, nem Nabor Wanderley nem Hugo Motta foram incluídos entre os denunciados.

Patos é considerado reduto político da família Motta, que há décadas ocupa cargos na região. A nova ação do MPF, agora direcionada à responsabilização da empreiteira, reforça a pressão sobre a gestão municipal e mantém o foco nas contratações realizadas pela prefeitura, enquanto a Justiça Federal analisa os pedidos de bloqueio e sanções apresentados pela Procuradoria.

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