O território brasileiro guarda uma vantagem rara no cenário geopolítico global: parte do país é cortada pela linha do Equador — localização altamente cobiçada por nações que desejam avançar na corrida espacial. Agora, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou esse trunfo sobre a mesa em um acordo internacional com a China.
Durante visita oficial a Pequim, no início de maio, Lula ofereceu pessoalmente o uso do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, ao programa espacial chinês. A informação foi divulgada pela Agência Brasil-China.
Localizada próxima à linha do Equador, a base de Alcântara é considerada uma das melhores do mundo para lançamentos espaciais. A região permite que foguetes aproveitem a rotação da Terra com maior eficiência, o que pode reduzir em até 30% o consumo de combustível — uma economia crucial para missões de longa distância, como a colonização da Lua ou futuras viagens a Marte.
Antes disso, o Brasil vinha negociando com os Estados Unidos o uso da base, mas as tratativas foram suspensas com a volta do governo petista em 2023.
A explicação científica para essa vantagem é simples: embora a Terra leve 24 horas para girar sobre seu próprio eixo em qualquer ponto, a velocidade linear desse giro varia. Quanto mais próximo dos polos, menor a distância percorrida e, portanto, menor a velocidade. Já na linha do Equador — o maior “cinturão” do planeta —, a velocidade é máxima. Essa força pode ser aproveitada para dar impulso extra aos foguetes lançados a partir dali.
O Centro Espacial de Alcântara, além de estratégico, se torna uma peça central nas ambições espaciais globais. E, ao que tudo indica, pode colocar o Brasil em um novo patamar tecnológico — muito além de um simples “negócio da China”.
