Enquanto milhões de brasileiros enfrentam dificuldades financeiras, os magistrados do país seguem acumulando privilégios. Um levantamento recente do Movimento Pessoas à Frente revelou que a média líquida dos salários dos juízes brasileiros chegou a impressionantes R$ 65.531 em março de 2025 — valor que ultrapassa com folga o teto constitucional, hoje fixado em R$ 46.366.
A diferença é bancada por uma série de benefícios e gratificações extras, conhecidos como “penduricalhos”, que turbinaram os salários da categoria nos últimos anos.
Crescimento acelerado e silencioso
Em janeiro de 2023, um juiz ganhava, em média, R$ 45 mil líquidos. Dois anos depois, o valor disparou para mais de R$ 65 mil — quase 50% de aumento, enquanto a inflação oficial do período foi de apenas 4,83%.
Em fevereiro de 2025, os rendimentos atingiram o pico de R$ 66.432, revelando uma escalada salarial que passa longe do controle da população e da lei.
O que são os penduricalhos?
Grande parte desse valor extra vem de vantagens que não entram na conta do teto, como:
- Licenças compensatórias por acúmulo de função, que desde 2023 não estão mais limitadas pelo teto;
- Pagamentos retroativos, como gratificações com efeitos financeiros acumulados;
- Auxílios de moradia, alimentação e gratificações especiais, pagos mesmo em períodos de recesso.
Hoje, esses penduricalhos já representam 43,7% da remuneração de um juiz, contra apenas 11,8% em 2017. Ou seja, quase metade dos vencimentos dos magistrados vem de “extras” que fogem do controle legal.
Custo bilionário para os cofres públicos
A conta não é pequena. Apenas em 2024, os pagamentos acima do teto custaram R$ 10,5 bilhões ao erário — um aumento de quase 50% em relação ao ano anterior. Em apenas três meses de 2025, já foram gastos R$ 4,5 bilhões com esse tipo de remuneração.
A estimativa é que, se nada for feito, a média salarial de um juiz poderá dobrar até 2027.
Reforma administrativa quer barrar abusos
A explosão de benefícios no Judiciário reacende o debate sobre a reforma administrativa, em discussão no Congresso. Um dos principais objetivos da proposta é justamente conter os supersalários e limitar o uso de penduricalhos que desrespeitam o teto constitucional.
Sem controle, o sistema atual contribui para aprofundar a desigualdade entre servidores públicos e compromete cada vez mais o orçamento da União.



