Xi Jinping vira as costas para Lula e aposta na soja dos EUA

Em discurso recente nos Estados Unidos, o embaixador da China em Washington, Xie Feng, afirmou que Pequim está disposta a ampliar a compra de soja americana, ressaltando que a cooperação agrícola entre os dois países pode ser retomada. O anúncio acendeu um alerta imediato no Brasil, que é hoje o principal fornecedor de soja para o mercado chinês.

A fala, vista como um sinal claro de reaproximação entre China e EUA, contrasta com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta consolidar o Brasil como parceiro estratégico de Pequim no agronegócio. Na prática, o movimento de Xi Jinping mostra que a China não pretende se prender a um único fornecedor, mesmo após anos de privilégios dados à soja brasileira.

No primeiro semestre de 2025, as exportações dos EUA para a China despencaram 51% em relação a 2024, reflexo das tarifas impostas em meio à guerra comercial. Ainda assim, Donald Trump pediu publicamente que Pequim quadruplicasse suas compras de soja americana. A abertura de Xi Jinping para essa possibilidade reforça a mensagem de que o Brasil pode perder espaço, e que Pequim não hesitará em priorizar os EUA caso considere vantajoso.

Mais do que um movimento comercial, a decisão também é simbólica: em meio à disputa causada pelas tarifas impostas pelos EUA ao Brasil, a China sinaliza claramente que prefere fortalecer os laços com Washington a manter a dependência da soja brasileira. É, em outras palavras, um recado de que escolhe os EUA e não Lula, justamente no momento em que o agronegócio brasileiro enfrenta maior pressão externa.

Enquanto isso, contratos já firmados asseguram que a soja brasileira siga abastecendo o mercado chinês nos próximos meses, mas o recado foi dado: a qualquer mudança no cenário político ou econômico, Pequim pode deslocar parte significativa da demanda para os EUA. Para a China, o pragmatismo comercial fala mais alto que promessas de parceria política.

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